Surgem agora à minha volta uma quantidade de futuras mamãs que já se encontram com barriguinhas bastante proeminentes, prestes mesmo a dar à luz um novo ser, o que é maravilhoso pela magia de todo o processo mas também pelo nosso pequeno país envelhecido. Fico muito contente !
Mas a estória que hoje conto não é assim tão bonita e maravilhosa, é porém um outro lado da questão do amor entre mãe e filho, uma estória de um homem que perto do fim da sua vida escreve à sua mãe...traduzindo será mais ou menos assim:
«Mãe, agora que repouso, penso de novo no que me atormentou durante toda a minha vida...assim como pensei todos os dias que vivi e sozinho chorei...
Amaste-me de uma forma estranha, que nunca consegui compreender com a clareza necessária, mas Mãe não gostei do que senti.
Assim que nasci o teu primeiro acto de amor foi tentar contra a minha vida. Apertaste o meu pequeno e frágil pescoço na tentativa frustrada de acabar com algo que te traria sofrimento e prisão. Mas sei lá porque razão vivi, mas nunca mais suportei que alguém me tocasse no pescoço, mesmo que carinhosamente tentasse. Obrigado por isso, senti bem!
Depois do teu grande acto de amor deixaste-me, abandonaste à sorte que a vida me traria. Obrigado uma vez mais pelo teu acto generoso de bom coração!
O abandono foi até o melhor que conseguiste fazer, mais não te ditava a alma e esse sentimento de ódio que tinhas por mim.
Vivi toda a minha vida na esperança frustrada de te encontrar; sabia que tiveras mais filhos, ou seja que teria assim irmãos. Nunca os conheci, mas sempre os senti perto.
Agora questiono ainda porquê eu ? Não eles, eu....eu . Bolas como os queria conhecer, ter brincado com eles...Obrigado também por me teres escolhido a mim para ficar longe....
Vivi para os meus filhos, para os corações que me acolheram no regaço, e amaram sempre, mas não te conheci...
Quebrei esse ódio de mãe para filho, amando os meus mais do que a mim mesmo, acima de qualquer circunstância, e fi-lo sem pensar, com o coração apenas senti ser assim que se ama um filho, não sei se é, mas penso que sim. Afinal não conheço o que é receber o amor de mãe....
Mas ainda assim, após tantos anos de sofrimento, de buscas pelo amor perdido, da procura por alguém que não sa sabe existir, gostava de te encontrar. Não temos tempo agora eu sei, mas tivémos muito, muito tempo Mãe. Desejo encontar-te sim, nem que seja apenas para retribuir o teu grande gesto de amor, o primeiro que conheço e que recebi assim que nasci, uma esganadela no pescoço....ou talvez não. Mas Mãe, amo-te»
Bem, posto isto não há muito a dizer, apenas reflectir que nem sempre existe o Laço que une dois seres do mesmo sangue, o que é pena, mas acontece e esta estória acaba por ser familiar...