And so it is

Gosto muitas vezes de apreciar o silêncio, perceber o que ele proporciona  e no fim constatar que podem surgir coisas boas e outras menos boas. Trabalho muitas vezes em silêncio, não é necessáriamente para me concentrar, mas é esse silêncio que me leva para outros lugares, uns mais luminosos outros onde a luz é escassa...

Quando esse silêncio se torna perturbador ligo o rádio e aí sim consigo deixar de pensar, de me focar e fico distraída pelos sons.

Penso mesmo que o silêncio é ouro e fico cada vez mais perturbada pela confusão e agitação que provoca o ajuntamento de muitas pessoas. Claro que não se trata da tal fobia, o pânico das multidões, não cheguei a tanto....

Mas...a verdade é que dou valor a momentos partilhados com poucas pessoas, coisas que só um pequeno grupinho percebe e partilha, quase como se fossem segredos. São assim momentos especiais e únicos pois não foram vividos por uma multidão mas sim partilhados por pessoas, pessoas essas que realmente interessam.

Gosto por isso de, quando dou as minhas aulas, que sejam aulas para 1 ou 2 pessoas. Não gosto que sejam interrompidas ou perturbadas. Para mim chegam os lugares que estão na mesa, mais não.

Interrogo-me muitas vezes para que servem os momentos em que reunimos um grande número de pessoas à nossa volta, assim como nos casamentos, baptisados e outras ocasiões semelhantes. A maior parte das pessoas que estão presentes nesses momentos pouco nos dizem, ou até não nos dizem nada de todo.

Aprendi na escola que a comunicação é feita quando existe um comunicador, uma mensagem ou comunicado e um receptor, ou seja visto bem só são necessárias 2 pessoas ou então mesmo apenas 1 no caso da ser mensagem escrita.

É precisamente isso que temos vindo a perder ao longo dos anos, em muito pouco tempo o mundo mudou tanto que parece terem decorrido alguns séculos de História.

Faz no próximo dia 28 de Junho, 15 anos que comecei a namorar com o meu namorado, marido e amigo, metade dos meus quase 30 anos de vida e se por vezes parece que foi mesmo ontem parece outras vezes que terão decorrido várias décadas.

Ao longo destes 15 anos a vida foi vivida por muitos de nós de forma intensa, mas no nosso caso foi quase como nascer de novo.

Quando explicava isso ao meu pré-adolescente, adolescente...quase adulto...filho e lhe disse que quando os pais namorávam dançarm slows ao som do "Nothing else matters" dos metallica ele pergunta-me o que é isso??? Slow???? e eu penso, bem não sou assim tão velha, será que os slows deixaram de existir?

Pois constato que hoje essa palavra é como uma espécie de animal extinto, não fico triste mas sinto então que esses momentos (os slows) foram ouro...só para mim e para o B.

Depois vem outra coisa que entretanto foi extinta; as cartas, as cartas escritas a caneta, umas escritas durante as aulas (as que eram uma veradeira seca...) outras escritas à noitinha na solidão dos pensamentos ternurentos. Essas cartas estão todas guardadas e são ouro, são o sentimento escrito de duas pessoas, algo único e irrepetível. Hoje os nossos meninos já não processam os sentimentos assim, é tudo tão mais imediato, rápido, fulgurante. O sentimento, esse não posso com veracidade afirmar ser maior ou menor, mas penso que é um pouco mais superficial.

São essas cartas que me levam às lágrimas, que fazem reviver não uma paixão mas o encontro de duas almas que se completam. acredito nisso e até agora nada me provou o contrário.

O nosso caminho tem sido como uma estrada, com rectas e curvas, mas precorremo-lo no mesmo carro, se temos uma recta seguimos juntos, mas se passármos por uma curva vamos também juntos.

Não é o casamento que nos une, não é o facto de termos dois filhos maravilhosos, não é o presente que nos une, é tudo....o que vivemos de bom, de menos bom e a vontade de continuar na mesma estrada e no mesmo carro.

Há pouco tempo, num restaurante onde costumamos ir, ouvi um "cavalheiro", acompanhado por assim dizer uma "acompanhante"( essa que nada percebia o que o dito dizia...) ,afirmar: "...já o meu avô dizia, que quando não se tem em casa procura-se fora...). Pois digo que este "cavalheiro" quem nem eram desajeitado de todo, com boa aparência, ainda novo, não precisaria de atirar uma pérola assim...mas foi essa frase que me fez perceber o que nos une aos dois.

Tenho o amigo em casa, tenho o marido em casa, tenho o namorado em casa, tenho o faz tudo e resolve tudo em casa...por isso para quê procurar fora o que tenho?

A vida é assim hoje, lutamos para que assim continue ( sim, não é fácil ceder, ainda quando existem duas personalidades fortes e afirmativas), mas com o tempo começamos a aprender a fazê-lo de forma mais subtil.

Se um dia deixarmos de precorrer a estrada no mesmo carro...sei que vou continuar a ter um amigo para me "mudar o pneu" no caso de ter um furo...esse é o nosso principal elo. A amizade que é ouro.

Por isso o anel que me ofereceu, o anel  Trinity da Cartier , que é constituído por três anéis entrelaçados de ouro branco, ouro amarelo e ouro vermelho. Simbolizam a amizade com o ouro branco, a fidelidade com o ouro amarelo e o amor com o ouro vermelho. And so it is....

"The Blower's Daughter"

And so it is
Just like you said it would be
Life goes easy on me
Most of the time
And so it is
The shorter story
No love, no glory
No hero in her sky

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

And so it is
Just like you said it should be
We'll both forget the breeze
Most of the time
And so it is
The colder water
The blower's daughter
The pupil in denial

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

Did I say that I loathe you?
Did I say that I want to
Leave it all behind?

I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off you
I can't take my mind...
My mind...my mind...
'Til I find somebody new

A letra de Damien rice. A minha favorita...

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