Conheci esta semana uma senhora, proprietária de um salão de beleza, que estava a viver um dilema grande na vida.
Ora anos atras a sua vida era inteiramente dedicada, primeiramente ao seu filho. Vivia assim em função dele e das actividades que ele tinha diariamente. Levava a escola, ia vê-lo a natação, levava-o ao cinema, ao parque, resenhava e pintava com ele, mimava com tudo o que uma mãe gosta de mimar o seu primeiro filho. Veio depois o segundo filho e tudo se repetia com este também. O mesmo mimo, a mesma dedicação, a vontade de estar sempre a seu lado e de partilhar tudo era uma constante.
Os filhos cresceram e tornaram-se mais independentes, e afinal de contas estando um dia inteiro na escola deixavam assim um espaço de tempo livre a esta mãe.
A sua grande vontade era na verdade ter mais filhos, sentido que era essa a sua grande vocação. Mas nem tudo pode ser exactamente como se quer e esse plano ia sendo adiado.
Outro grande sonho era ter o seu salão de beleza, ou cabeleireiro como quisermos chamar. Vendo que isso a faria feliz, a família apoiou esta sua aventura e assim realizou um dos seus sonhos de ser cabeleireira, de cortar cabelos, de pentear,de mimar também as suas clientes e de se sentir assim também realizada.
A sua vontade de trabalhar era enorme e as clientes gostavam verdadeiramente das suas mãos. Muitas vezes, permanecia no salão mesmo depois da hora de fecho, ora ainda se havia clientes, ora se havia que arrumar e organizar o restante.
Isso passou a afectar directamente a sua família, que obviamente não ficava satisfeita com esta ausência e sentiam também o seu afastamento. Começou também a afectar o desempenho escolar dos filhos, mas a alegria, a paixão que sentia pelo que fazia não a deixavam ver isso com clareza.
Achava ela que se havia dedicado tanto aos filhos, ao seu bem estar, em proporcionar momentos felizes, que também poderia viver um pouco isso na sua vida.
Ate que escutou as palavras que mais lhe magoaram e fizeram repensar. Disseram que era uma mA mãe, que havia deixado de cuidar deles da mesma forma, que estava diferente e que só se importava com o salão. Que vivi apenas para isso e mais nada interessava.
Chamarem-lhe mA mãe foi o que mais a feriu, mas foi isso que a fez estar a repensar em tudo e agora tinha chegado um momento em que decidia o que fazer.
Perguntou-me a minha opinião mas sinceramente foi difícil para mim saber o que dizer. Diplomaticamente disse para esperar um pouco e tentar perceber se conseguia refrear a sua "obcessao" pela sua actividade, para perceber o que era mais importante para si. Mas como em tudo na vida dizer acaba por ser mais fácil do que e afinal existem factores que podem apoiar a decisão de abdicar da sua paixão pelos cabelos e outros que serão a favor da sua continuação.
Mas penso que o que a estava mesmo a perturbar eram as poucas palavras que lhe haviam promovido a "mA mãe do ano".
Assim quando pensamos que a nossa vida não esta fácil há sempre alguém pior...
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...equilíbrio... tudo na vida precisa deste factor.
ResponderEliminarIsto que escrevo são apenas pensamentos, nunca conselhos :o)
Essa mãe decerto sentiu necessidade de se realizar para além do seu papel de Mãe, mesmo que para ela esse papel fosse/seja tudo ou quase tudo na vida.
Entendo isso porque como sabes eu não me "esgoto" nem me preencho "unicamente" no papel de mãe (apesar de Amar a minha filha mais do que qualquer ser ao cimo da Terra e arredores). Mas aceito quem se preencha.
Mas como dizia, entendo essa mãe. A necessidade de fazer algo não só por si mas também o dar de si aos outros, e em último caso de dar também aos filhos - realizando-se será decerto uma Mulher mais feliz e isso levará os filhos a gostarem ainda mais dela.
Mas tudo na vida tem de ter equilíbrio. Por vezes aquilo que se ama, conforme tu disseste, vira obcessão. E aqui talvez esteja o ponto a ter em conta. Tudo o que é obcessão acaba por fazer mal - à própria pessoa e às pessoas que estão directamente implicadas.
Essa mãe, quanto a mim, não terá de deixar o seu "salão", tudo será uma questão de equilibrar o que gosta de fazer como "profissão" e a sua faceta de mãe. Sair mais cedo do salão e ir para casa dar acompanhamento aos filhos também é importante. E os filhos precisam realmente de muita atenção, de muito acompanhamento no estudo e de sentirem que, mesmo que a mãe tenha o seu salão para cuidar, quando está com eles não pode andar sempre a pensar no trabalho... neste ponto contra mim falo... a minha está-me sempre a cobrar que eu tenho sempre trabalho para fazer... ;o)
Quanto aos filhos dessa mãe, apesar de decerto terem sentido o que disseram, depressa esquecerão esse sentimento. Basta que se equilibrem estes pontos e que eles entendam que o trabalho não é o mais importante para a mãe, mesmo que por vezes o trabalho tenha de ser colocado à frente. De certeza que também perceberão que se a mãe estiver realizada não só como mãe será muito mais feliz e os poderá fazer mais felizes!
Beijocas grandes para ti e para a mãe do salão ;o)